Bolsonaro v. Lula – 2º Round

Após ter abandonado o Brasil perto da tomada de posse de Lula da Silva, Jair Bolsonaro regressa ao país três meses depois. Ao mesmo tempo que se prepara para organizar e orientar a oposição a Lula, decorrem investigações que colocam Bolsonaro em posições frágeis, nomeadamente quanto ao caso das joias sauditas e à invasão e ataque à sede dos três Poderes.

Durante o seu exílio nos EUA, o antigo presidente brasileiro presidiou vários comícios políticos de direita e a sua estadia em território norte-americano chegou a ser debatida no Congresso, dada a associação aos eventos golpistas no Brasil.

Ainda assim, Bolsonaro deverá adotar uma posição de confronto a Lula, recorrendo ao caso de corrupção associado à operação Lava-Jato que levaram o presidente à prisão, e mais tarde à sua absolvição. Recentemente, o líder da Igreja Católica saiu em defesa de Lula, classificando o processo da sua acusação na Lava-Jato como injusto e sem provas, interpretando-a como uma perseguição política, evidenciando outros cenários na América do Sul, como na Argentina.

Rússia e a manutenção da paz e segurança internacionais

A Rússia assumiu a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas no passado sábado, uma posição rotativa e cerimonial e recebida sob imensas críticas internacionais, uma vez que na Carta da ONU, não está prevista qualquer suspensão ou expulsão de um membro-permanente de assumir esta posição. Putin, o presidente da Federação Russa, é alvo de um mandado de prisão pelo TPI por crimes de guerra e a representação permanente ucraniana junto das Nações Unidas já se pronunciou quanto a esta realidade, chamando a atenção para o quão “absurdo” é a Rússia assumir este papel.

No início da semana, a Federação Russa ainda levou a cabo um grande exercício militar que envolveu manobras de navios e aviões de guerra, tendo-se testado mísseis supersónicos antinavio Moskit no Mar do Japão. Já na Ucrânia, os combates não cessam, especialmente em Bakhmut, onde o Grupo Wagner e as tropas de Kiev se debatem há semanas.

Outras notícias:

• Nas eleições legislativas da Finlândia, o centro-direita e a extrema-direita são reforçados pela queda dos partidos de esquerda e centro-esquerda, fazendo com que Sanna Marin fosse derrotada pelo líder conservador Petteri Orpo, que juntou 20,8% dos votos.
• Uma semana após visitar a Rússia, o presidente ucraniano convidou Xi Jinping a visitar a Ucrânia, na mesma semana na qual o líder chinês se reuniu com o presidente do Governo espanhol, que terá reforçado este apelo.
• O parlamento turco ratificou a entrada da Finlândia na Aliança Atlântica, após a luz verde da Hungria, no início da semana.
• O primeiro-ministro Narendra Modi encontrou-se com uma delegação russa para discutirem os “interesses mútuos” dos dois países, no contexto de uma reunião da Shanghai Cooperation Organisation, onde foi dito que, no ano passado, as vendas de petróleo à Índia dispararam.
• A Nova Zelândia revelou equacionar a entrada no AUKUS, apesar de rejeitar o pilar nuclear enquanto “compromisso moral” antinuclear do país e concentrar-se na cooperação tecnológica. Esta aliança anglófona procura formar um bloqueio ao expansionismo chinês no Indo-Pacífico e a aquisição de submarinos nucleares já foi um dos temas fraturantes na ordem internacional.
• A junta militar que assumiu o poder em Myanmar dissolveu cerca de 40 partidos de oposição por não se terem apresentado às eleições organizadas, incluindo o partido de Aung San Suu Kyi.
• Os sindicatos franceses foram convocados para negociações de legislação laboral com o executivo de Macron, mas revogar o aumento da idade da reforma é uma oportunidade inatingível, mesmo a capital estando coberta em toneladas de lixo e sendo alvo de constantes protestos e confrontos entre as forças de segurança e os manifestantes.
• Segundo o mais recente inquérito da World Values Survey, os britânicos confiam mais na UE e nas instituições europeias do que no Governo de Rushi Sunak e no Parlamento do Reino Unido. Este inquérito é conduzido ao longo dos anos e observa-se uma redução da desconfiança nas instituições da União Europeia, desde os eventos do Brexit.