O ano de 2021 foi marcado pelas campanhas de vacinação por toda a Europa e pelo debate concerne a sua obrigatoriedade e eficácia. Em vários países europeus, incluindo Portugal, foram adotadas medidas de prevenção à pandemia nomeadamente com a apresentação de certificados de vacinação, recuperação ou apresentação de teste negativo para utilizar determinados serviços como por exemplo a restauração, cinema ou diversão noturna.
Ao longo do ano o debate foi evoluindo passando principalmente para a incerteza da necessidade de vacinar crianças saudáveis, inclusive alguns países como a França começaram apenas a vacinar as crianças que sofriam alguma patologia de risco, mas depois alargaram a toda a população num regime voluntário. Vários países da UE, como Portugal, Espanha e Itália arrancaram em meados de dezembro com a vacinação generalizada para crianças dos 5 aos 11 anos.
No entanto, é seguro dizer que a vacinação permitiu o avanço na recuperação destes países sendo que muitos deles foram afetados fortemente pelas repetitivas quarentenas generalizadas e isolamentos nacionais.
Muitos países da Europa Ocidental apresentam o turismo como uma das principais atividades económicas, e por isso o “passaporte de vacinação” e as medidas mais abertas de viagem entre os países da Europa foram uma das ideias defendidas e adotadas ao longo do ano de 2021. Principalmente durante o verão estas novas medidas de imunidade foram extremamente importantes e permitiram a redução nas restrições e um novo incentivo às economias destes países.
Com as alterações no panorama pandémico a Comissão Europeia estimou um crescimento de 4.3% nos países da zona euro, muito deles parte da Europa Ocidental. A vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, diz ainda que: “As nossas medias para atenuar o impacto da pandemia e para aumentar os níveis de vacinação ao longo da UE, tem claramente contribuído para este sucesso”. Estima também que a inflação irá descer 0.2% no ano de 2022 atingindo valores de 2.2% e o pico de preços nos últimos 4 meses do ano.
“Há três ameaças às previsões positivas: um aumento generalizado dos casos COVID, principalmente nas áreas em que a taxa de vacinação é mais baixa; aumento da inflação, causado pelo aumento acentuado dos preços da energia; e disrupções nas cadeias de fornecimentos que estão a ameaçar inúmeros setores” afirma Paolo Gentiloni, Comissário Europeu da Economia.
O ano de 2021 marcou também o fim da era Merkel, na Alemanha. Depois de 16 anos, o governo federal encontra-se composto por três partidos, SPD – Partido Social Democrata, os verdes e FDP – Partido Democrático Liberal. As novas eleições foram em setembro e esta nova coligação terá o papel de continuar o legado do governo anterior, atingir os objetivos de recuperação climática, dinamizar a competitividade económica e contribuir para a manutenção das leis sociais. Até ao final do ano não existe grandes diferenças a apontar, mas só o novo ano de 2022 nos dirá o rumo do país.
Foi o primeiro ano depois da oficialização do brexit no final de 2020 e apesar das consequências estarem mascaradas pelo efeito da pandemia durante o ano de 2021 foi possível aferir algumas repercussões. As compras online (provenientes dos países da UE) estão mais caras. Ou seja, anteriormente o consumidor pagava a taxa local do IVA do país de onde comprava os produtos, neste momento paga sempre o britânico de 20%. A forma como existe a aplicação do imposto também foi alterada sendo que deixa de estar incluindo no preço do produto e passa a ser solicitado no momento do pagamento. Apesar disso, os acordos comerciais do brexit permitiu que o pagamento de taxas alfandegárias fosse inibido para produtos originados na UE, mas não abrange produtos que tenham sido importados de outros países que não pertencem ao grupo e assim carecer elevadamente o valor dos produtos. O país apresenta uma maior liberdade ao nível da sua tributação e na distribuição do seu mercado interno o que provoca algumas diferenças, algumas negativas outras positivas. Em primeira instância o valor de certos produtos como os produtos de higiene femininos ficaram isentos de IVA, que anteriormente aumentaria cerca de 5% do valor desses produtos. Em contraste, do ponto de vista dos empresários, dos mais variados setores, as burocracias e a adaptação aos novos cenários de mercado e aduaneiros tem sido desafiante. Estas alterações causaram uma dificuldade no transporte dos produtos e um acréscimo no valor do serviço e consequentemente uma redução das vendas.
Mesmo assim, é difícil de separar os efeitos do COVID com os efeitos do Brexit, por tanto, só em 2022 com o levantamento das restrições e o retorno gradual à normalidade de mercado ditará o futuro das relações económicas britânicas.
O mercado imobiliário, um constante fardo dos cidadãos europeus, também sofreu algumas alterações a nível do seu funcionamento causados principalmente pelos efeitos da pandemia. Estima-se que em 2022 o investimento estrangeiro possa ter um destaque na atividade imobiliária maioritariamente em países como o Reino Unidos, a Alemanha e a França. O Banco Central Europeu não definiu durante o curso do ano 2021 uma estratégia específica para a alteração da política monetária ou modificações nas taxas de juros, no entanto alguns países já começaram a realizar alterações de forma independente.
Espanha viu o seu mercado imobiliário, principalmente, no que diz respeito aos escritórios e lojas. No entanto com a recuperação económica e a diminuição na taxa de desemprego podemos prever uma maior ocupação destes espaços e até uma maior incidência no mercado de investimento estrangeiro. A alteração das dinâmicas de trabalho, com a introdução do teletrabalho, também provoca uma alteração nos espaços procurados valorizando mais os espaços de reunião e menos os escritórios. Também se estima que o turismo espanhol volte a apresentar um crescimento e assim o mercado hoteleiro e a restauração vão recuperar gradualmente dos últimos dois anos.
O PIB francês cresceu 7% durante o ano de 2021, sendo o maior aumento em 52 anos, ou seja, maior do que os crescimentos evidenciados no período pré-pandémico. As taxas de desemprego diminuíram drasticamente e é possível aferir um aumento no investimento interno e estrangeiro. Ainda assim, devido à variante ómicron o período de restrições ainda não cessou completamente, por isso é de esperar algumas alterações aos valores do final do ano de 2021. Nesse sentido, o valor do PIB ainda se encontra abaixo dos valores registados em 2019, mas a recuperação económica teve um balanço positivo face à diminuição em 2020 de 8.5%. Em 2022 França vai deparar-se com eleições presidenciais pelo que, no contexto político, isso poderá ter algumas alterações no que diz respeito à relação com a Alemanha e outras potências europeias.
Em Portugal sofremos alguns contratempos em 2021 devido à pandemia, com mais dois confinamentos a marcar o ano. O primeiro no inicio do ano devido à maior e mais devastadora vaga de COVID que enfrentemos desde fevereiro de 2020. Muitos afirmam que a mesma foi causada maioritariamente pela irresponsabilidade nas medidas de contingências durante o Natal e o ano novo. Mais tarde, a variante delta também afetou bastante as estatísticas do nosso país e foi necessária uma nova quarentena generalizada com medidas como teletrabalho obrigatório. Em contrapartida, a vacinação aumentava gradualmente e no verão foi possível aliviar quase todas as medidas de restrições e permitir a abertura de serviços que até então estariam fechados obrigatoriamente como por exemplo discotecas. O certificado de vacinação também foi muito utilizado durante o ano para aceder à maior parte de serviços de restauração, hotelaria e entretenimento. Mas de todo as estratégias da pandemia foram o assunto mais polémico do ano, a segunda metade do chegou a altura da elaboração e da aprovação do Orçamento de Estado 2022, que acabou por ser chumbado. O mesmo foi rejeitado em primeira mão com votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, IL e Chega. Apenas o PS votou favoravelmente. Foi então que, sem cedências por parte do governo, e sem consenso à esquerda instalou-se uma crise política que eventualmente progrediu para eleições antecipadas em janeiro de 2022. Em contrapartida Portugal apresentou um bom crescimento económico de 4.8% e aguarda os fundos europeus e o consenso geral no parlamento para as suas alocações. Damos destaque ainda à Presidencia Portuguesa do Conselho da EU no primeiro semestre de 2021 e à eleição de Portugal como o melhor país do mundo para viajar pelos leitores da Condé Nast Traveler nos chamados “Reader’s Choice Awards 2021”.
A nível ecológico especta-se mudanças drásticas em 2022 a nível climático que se vão sentir mais acentuadamente a partir do terceiro trimestre do ano. A Europa, especificamente a UE, segue as linhas do PEE (Pacto Ecológico Europeu) que pretende garantir o crescimento económico de forma sustentável e automatizada. Destaca-se também que Portugal foi o país que mais limpou praias em 2021, numa iniciativa da ONU.
Previsões: Na Europa Ocidental prevejo a estabilidade da Alemanha e França estabelecendo-se como as potências europeias. O Brexit vai-se fazer sentir em 2022 com as alterações no panorama europeu e com a isenção de cooperação da União Europeia. Em Portugal, prevejo uma nova gerigonça à direita ou à esquerda sendo que nenhum partido terá uma maioria absoluta.
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