Forecast 2022: Norte de África e Médio Oriente

Fortemente marcada por conflitos e por graves problemas económicos, políticos e sociais, a região do Norte de África e Médio Oriente, também denominada de MENA, demonstra ser central na cena internacional.

 No Norte de África, o panorama é incerto, sendo que muitos dos países, entre os quais a Tunísia e a Líbia viram as suas eleições canceladas e sem futuras datas em vista. No Egipto, a decisão do país ser anfitrião da COP27 pode ser vista pelo governo como uma “recompensa ao poder repressivo”, sendo que o presidente egipcio pode mantar-se no cargo até 2030. Já no Sudão o sentimento de insegurança e indefinição também é patente pelo derrube do governo interino do país pelos militares no passado dia 25 de Outubro, que resultou na prisão dos líderes civis, estando o primeiro-ministro Abdalla Hamdok entre eles. Além da paralisação do processo de transição democrática que começara em 2019, o actual governo recusa as negociações propostas pela ONU para pôr fim à crise.

No caso do Médio Oriente, importa recordar o facto da região se localizar no cruzamento de três continentes, o que evidencia a sua importância vital para as grandes potências mundiais. A sua natureza conflitual e o facto de fornecer energia a grande parte do mundo são aspectos que denotam o papel que tem na cena internacional.  

Actualmente, são muitas as situações preocupantes na região, sendo que casos como o do Afeganistão e do Iémen, com características e eventos próprios, podem dominar o panorama regional, sobrepondo-se a conflitos mais antigos como é o caso do conflito israelo-palestiniano ou a guerra da Síria.

No Afeganistão, o ano 2021 foi um ano de mudança, com os talibãs a assumirem o poder vinte anos depois. A ofensiva talibã que ocorreu entre 1 de Maio e 15 de Agosto e a saída das tropas norte-americanas da região deram origem a uma crise dos direitos humanos, o que levou muitos cidadãos afegãos a sair do país, entre os quais o presidente afegão. Pouco ou nada se pode afirmar sobre o que 2022 reservará para o país, pelo que o futuro do Afeganistão continuará incerto e estará em grande parte dependente tanto da política doméstica como da política externa.

No Iémen, a crise, que dura desde 2014, tem vindo a somar mortes, sendo que os Houthis (nome mais comum para se referir ao movimento político-religioso Ansar Allah e que agrupa uma maioria xiita do noroeste do Iémen) não só reivindicaram o lançamento de 580 ataques como também assumiram a responsabilidade pela morte de 10 mil pessoas no Iémen em 2021. Derivadas da guerra civil, registou-se a morte de cerca de 130 mil pessoas, verificando-se que outras razões, como a falta de água potável, fome e doenças pode duplicar ou triplicar esse número mais cedo do que é expectável. Tal situação pode tornar esta crise humanitária como a pior que se viveu ou ainda vive no mundo actual.

Quanto a um dos conflitos mais antigos da história do Médio Oriente, o conflito israelo-palestiniano continua sem previsão de término, encontrando em cada solução dada um problema que impede a mesma de ser implementada.

No que toca aos acordos firmados entre o Irão e outras potências mundiais, prevê-se que o acordo entre o Irão e a China a nível da energia, cooperação económica e política assinado em 2021 possa trazer benefício a ambas as potências no presente ano, tornando-se, no entanto, um assunto preocupante a nível da cena internacional. Tal preocupação poderá dar azo a outros acordos entre o Irão e a Rússia ou o Irão e a União Europeia.

Outro aspecto que deve ser recordado é o contexto pandêmico que tem mobilizado todos os Estados. Israel tem ganho protagonismo no que diz respeito à COVID-19, especialmente no que diz respeito à investigação científica, desenvolvimento de terapias e medicamentos para o seu tratamento e também a forte adesão à vacinação. Importa ainda recordar os elevados números tanto de mortes como de infectados na Arábia Saudita, Irão e Turquia desde o início da pandemia.

É impossível antecipar o que 2022 reserva quer a nível mundial quer a nível dos países do MENA, No entanto, uma coisa é clara: a incerteza será dominante no que toca ao Médio Oriente e ao Norte de África.

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