Crise em Myanmar
A comunidade internacional especula sobre uma guerra civil eminente em Myanmar devido ao golpe de Estado militar de 1 de Fevereiro e à repressão militar de protestos desde então. Segundo o grupo de direitos humanos birmanês Assistance Association for Political Prisoners, desde 1 de Fevereiro que o exército terá matado pelo menos 550 pessoas, incluindo 46 crianças, e cerca de 2751 terão sido detidas por protestar. Numa declaração conjunta na terça-feira, o Exército de Libertação Nacional de Ta’ang, o Exército da Aliança Democrática das Nacionalidades de Myanmar e o Exército de Arakan ameaçaram lutar e cooperar com os manifestantes em caso da repressão não cessar. Estes grupos exortaram os militares a abrir o diálogo com os opositores ao golpe e a resolver a crise por meios políticos. Aung San Suu Kyi, conselheira de Estado (equivalente a Primeira Ministra) anterior ao golpe militar, foi acusada esta quarta feira de violar uma lei de segredos oficiais da era colonial, a mais grave acusação contra ela até agora. A crise provocou a fuga de uma onda de refugiados em direção à Tailândia e à Índia. Esta tendência migratória vem no seguimento da perseguição da minoria Rohingya pelo exército de Myanmar e da subsequente fuga de centenas de milhares para o Bangladesh, que tomou lugar desde 2017.
Proposta de tratado para a prevenção de pandemias
Mais de 24 líderes mundiais, incluindo Boris Johnson, Emmanuel Macron e Angela Merkel, publicaram esta terça-feira uma carta a favor de um tratado no âmbito da pandemia do SARS-CoV2 para melhorar a cooperação e a transparência em caso de futuros surtos. A China e os EUA não participaram, enquanto o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, bem como o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, um dos primeiros funcionários a pedir um acordo internacional com o objetivo de enfrentar futuras pandemias, também assinaram a carta. Segundo os signatários, o novo coronavírus representa o “maior desafio para a comunidade global desde o final dos anos 1940” e o possível tratado pretende “promover uma abordagem nacional e social que fortaleça as capacidades nacionais, regionais e globais e a resiliência a futuras pandemias”. O sistema proposto na carta não só promoveria uma maior cooperação internacional a fim de melhorar sistemas de alerta, o uso compartilhado de dados e pesquisas, bem como o “desenvolvimento local, regional e global de distribuição de medidas no campo da medicina e saúde pública”, como buscaria promover “mais transparência, cooperação e responsabilidade” entre os signatários.
Outras notícias:
- Esta segunda-feira, o Canal de Suez foi desbloqueado. Quase uma semana depois de um navio cargueiro interromper a passagem marítima, o comércio mundial retomou o seu curso.
- Nos EUA, o julgamento de Derek Chauvin, polícia envolvido na morte de George Floyd, começou na segunda-feira. Chauvin é acusado de três crimes: homicídio não intencional de segundo grau, homicídio de terceiro grau e homicídio culposo.
- Após um ataque de militantes islâmicos do ISIS em Palma, cidade no norte de Moçambique, na semana passada, que causou dezenas de mortos e milhares de desalojados, as Forças Armadas de Moçambique ainda não conseguiram retomar o controlo da cidade.
- A China e o Irão assinaram um acordo de cooperação com a duração de 25 anos. A China investirá cerca de 400 bilhões US$ na economia do Irão ao longo desse período em troca de um fornecimento constante e com grandes descontos de petróleo. O acordo também inclui cooperação militar e surge parcialmente em resposta à continuação das sanções impostas pelos EUA sob a administração de Joe Biden.
- A China anunciou esta terça-feira que apenas um quinto da próxima legislatura de Hong Kong será composta por representantes eleitos, continuando a assumir cada vez mais controlo sobre a região administrativa especial e afastando progressivemente a possibilidade da sua democratização.
- Esta terça-feira, um dia após a demissão do ministro da Defesa do Brasil, Fernando Azevedo e Silva, os ministros do Exército, da Marinha e da Aeronáutica também deixaram os seus cargos, entre acusações de “politização” das Forças Armadas por parte do presidente Jair Bolsonaro.
- A H&M, a Nike e outras marcas de roupa ocidentais enfrentam um boicote na China após declararem a sua preocupação com as acusações crescentes de trabalho forçado na produção de algodão em Xinjiang que as mesmas utilizam nos seus produtos. A região é responsável por cerca de um quinto da produção de algodão no mundo.
- Esta quinta-feira, o ministro dos negócios estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, discutiram por chamada telefónica a escalada de tensão no confronto militar da região ucraniana de Donbass, o papel da Rússia no mesmo e a Crimeia.
- Este Domingo, cheias em Dili, Timor-Leste, provocaram 11 vítimas mortais e afectaram várias infra-estruturas essenciais no combate ao SARS-CoV2, incluindo o Laboratório Nacional, no recinto do Hospital Nacional Guido Valadares.
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