75º aniversário da Organização das Nações Unidas
Realizou-se esta semana o 75º aniversário da Organização das Nações Unidas, realizado virtualmente, no qual os temas dominantes foram a pandemia e a sua gestão a nível global, e as tensões entre os EUA e a China.
Numa altura em que o mundo atravessa uma fase sombria, assolada pela pandemia de covid-19 e pelas suas consequências políticas e económico-sociais, António Guterres caracterizou a pandemia como “não apenas um alerta” mas um “ensaio geral” para os desafios que virão. Guterres referiu ainda que a pandemia expôs fragilidades e desigualdades a nível mundial e que a mesma gerou uma “crise de saúde memorável, as maiores perdas económicas e de empregos desde a Grande Depressão, assim como novas ameaças aos direitos humanos”. Segundo ele, torna-se necessário, em face deste desafio, acabar com o “vacinacionalismo”, dado que os países têm feito acordos paralelos para garantir a vacinação para as suas populações, algo que poderá fomentar desigualdades na esfera internacional e no acesso que os países possam ter à vacina.
No que toca às tensões entre os EUA e a China, ambos os presidentes, Donald Trump e Xi Jinping, se dirigiram à Assembleia das Nações, através de um discurso virtual, com visões antagónicas do papel que estes dois países representam no na esfera internacional. O presidente chinês, por um lado, retratou a China como um ator global e responsável no plano internacional e no âmbito das Nações Unidas, tendo ainda enfatizado que está comprometido em combater a pandemia de covid-19, sendo necessário, para isso, um maior multilateralismo e uma maior cooperação. Referiu-se ainda à pandemia como um assunto que não deve ser politizado pelos Estados, numa alusão às críticas que o presidente Donald Trump tem tecido relativamente à gestão pandémica da China e à sua transparência.
Em contrapartida, Donald Trump, referiu-se à covid-19 como o “vírus chinês”, tendo atribuido a culpa pela sua propagação à China, e ainda referido que a Organização Mundial da Saúde é controlada pela mesma. Trump reforçou a sua visão unilateral do Sistema Internacional, na qual os EUA são a potência hegemónica global, afirmando que os outros Estados devem seguir o exemplo norte-americano, colocando os seus “cidadãos em primeiro”.
Agrava-se a crise política no Líbano
O primeiro-ministro designado, Mustapha Adib, demitiu-se este sábado, depois de um mês de esforços sem sucesso para conseguir um gabinete apartidário, deixando o país perto do colapso total.
Adib era apoiado pelo Estado francês, e tentou formar um gabinete composto de especialistas independentes que pudessem trabalhar na implementação de reformas. Este processo tornou-se particularmente complexo dado que, segundo o sistema político sectário do Líbano, um sunita deve ocupar a posição de primeiro ministro, ao passo que a presidência deve ser ocupada por um cristão maronita e a presidência do parlamento a um muçulmano xiita.
O anúncio de Adib desfere um golpe nos esforços do presidente francês Emanuel Macron para romper o impasse político no país. Designar alguém para o cargo de ministro das finanças revelou-se a tarefa mais árdua, uma vez que os principais grupos xiitas do país-Hezbollah e Amal-, insistiram em manter controlo sobre o ministério das finanças.
Outras Notícias
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