Confirmado o envenenamento de Alexei Navalny
O governo alemão confirmou na quinta-feira que o principal opositor político de Vladimir Putin, Alexei Navalny, foi envenenado com um agente nervoso designado Novichok, encontrando-se neste momento em coma induzido num hospital em Berlim. As suspeitas de envenenamento surgiram quando Navalny se sentiu mal durante um voo que partiu da Sibéria e que teria como destino Moscovo, mas o avião teve de aterrar de emergência em Omsk.
Este anúncio aumenta as suspeitas de que, apesar de o Estado Russo o negar, o mesmo esteve envolvido neste caso. Novichok significa recém-chegado em russo, e aplica-se a um conjunto de agentes nervosos produzidos sinteticamente e desenvolvidos originalmente pela União Soviética no Uzbequistão, antes da desintegração da URSS, em 1991. Várias agências de inteligência ocidentais acreditam que o Novichok foi refinado para ser uma arma assassina difícil de detectar e usada secretamente por agentes do GRU, a inteligência militar russa. Novichok pode ser usado na sua forma líquida ou sólida.
No seguimento desta revelação, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, pediu à Rússia que expusesse o seu programa de agentes nervosos Novichok a observadores internacionais. Também Norbert Röttgen, presidente do comité das relações exteriores do parlamento alemão, alertou para o facto de a União Europeia se vir a tornar irrelevante caso não tome medidas rígidas contra a Rússia. Referia-se, em concreto, ao Nord Stream 2, um polémico gasoduto de 1.225km pertencente à empresa estatal Gazprom, que poderá colocar a Alemanha totalmente dependente da Rússia em termos energéticos. Esta não é a primeira que este agente nervoso é utilizado para abater opositores, tendo sido utilizado em 2018, alegadamente por dois agentes da GRU, para eliminar o ex-espião russo Sergei Skripal e a sua filha em solo britânico.
Acordo de paz no Sudão
O governo transitório do Sudão assinou um acordo de paz com vários grupos rebeldes, um passo significativo na resolução de conflitos profundamente enraizados desde o tempo do líder deposto Omar al-Bashir.
Este acordo cobre as áreas devastadas pela guerra de Darfur, as “Duas Áreas” (Cordofão do Sul e Nilo Azul), assim como o Sudão central, oriental e do norte. Inaugura ainda um período de transição de três anos no qual os grupos rebeldes que o assinaram receberão três novos assentos no Conselho Soberano, cinco pastas ministeriais no gabinete e um quarto dos assentos no Conselho Legislativo de Transição. O acordo dá também às regiões em disputa alguma autonomia federal, devolve algumas terras perdidas no conflito e integra os soldados rebeldes nas forças armadas do governo. Ainda esta semana, um outro grupo rebelde ativo no sul do país concordou em manter negociações de paz patrocinadas pelo Sudão do Sul, dias depois do acordo realizado com outros grupos rebeldes.
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