Explosão em Beirute
Uma explosão de grandes dimensões assolou a capital libanesa no passado dia 4 de Agosto, tendo origem num armazém no principal porto da mesma. O armazém continha quase três mil toneladas de Nitrato de Amónio, proveniente da carga de um navio impedido de navegar devido às suas más condições e dívidas portuárias. No entanto, esta apreensão ocorreu em Fevereiro de 2014, o que tem causado controvérsia e uma grande necessidade de apuramento das responsabilidades, com pressão por parte da população. Nitrato de Amónio é um material altamente volátil, tendo uma grande variedade de opções de utilização, desde de fertilizante agrícola a explosivos para exploração mineira.
Graves problemas de corrupção e uma profunda crise económica têm vindo a afectar a estabilidade do país, tendo o ano de 2019 sido marcado por protestos em grande escala. Do colapso do sistema bancário, a uma inflação demasiado alta, à diminuição do turismo (que representa um quinto do PIB do Líbano), às tensões regionais com o vizinho Israel e ao grande número de refugiados actualmente no país, oriundos do conflito sírio, vem acrescer a pandemia internacional de COVID-19 e a explosão devastadora que afectou o principal porto libanês, por onde passam 60% das importações do país.
Decorrem actualmente protestos violentos nas ruas de Beirute, verificando-se a ocupação de edifícios governamentais, como o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Os manifestantes pedem a demissão do governo e o apuramento dos responsáveis, assim como o seu julgamento. No rescaldo do incidente, o presidente francês Emmanuel Macron deslocou-se a Beirute, sendo sabido que o Líbano foi parte integrante das antigas posses coloniais francesas e cujo legado é muito marcado na região. À data, foram recolhidas 55.000 assinaturas reclamando que a França deveria assumir o controlo do Líbano, dado o descontentamento da população com a respectiva classe política.
Eleições na Bielorússia
Com a realização de eleições no dia 9 de Agosto, verificaram-se protestos na Bielorrússia em contestação ao presidente em funções Alexander Lukashenko, que ocupa o cargo há cinco mandatos, desde 1994. Apelidado de “O último ditador europeu”, a governação autoritária de Lukashenko é também criticada pela sua conduta face à crise pandémica no país, para além da crise económica que o mesmo enfrenta.
Nas presentes eleições, ambos os candidatos com possibilidade de fazerem uma oposição significativa a Lukashenko foram presos, no entanto, Svetlana Tikhanovskaya, cônjuge de um dos candidatos presos, surgiu como principal oponente após se ter candidatado à presidência de modo a atrair atenção para o caso do marido. Sem experiência política, se for eleita, promete libertar todos os presos políticos e convocar eleições livres dentro de seis meses. Lukashenko prometeu graves represálias caso houvesse protestos antes das eleições.
Após a captura de trinta e três nacionais russos, que Lukashenko afirma serem mercenários que pretendiam instigar protestos antigovernamentais, as relações entre a Rússia e a Bielorrússia foram postas em causa. Os dois países são aliados militares e partilham uma zona económica comum, estando a Bielorrússia dependente dos recursos energéticos russos, o que torna os seus laços políticos significativos. Lukashenko promoveu já várias vezes a união dos dois países, mas tendo em conta os desenvolvimentos recentes, o discurso do mesmo caminha no sentido de se aproximar do ocidente e distanciar da influência russa. Foram anunciadas esta semana conversações entre Minsk e Moscovo, de modo a tentar encontrar uma resolução em termos amigáveis da prisão do grupo de trinta e três acusados.
O Tik-Tok na mira dos EUA
A popular rede-social de vídeos de curta duração está na mira dos legisladores nos EUA, após uma ordem do presidente Trump para esta e a rede WeChat encerrarem actividades dentro de 45 dias, no passado dia 7, a não ser que as divisões norte-americanas sejam vendidas pela empresa-mãe. Recorde-se que tanto Tik-Tok como WeChat já se encontram bloqueadas na Índia, após as tensões que emergiram entre China e Índia na região dos Himalaias.
A Microsoft surge na linha da frente para a aquisição da mesma, uma operação que seria realizada em coordenação com o governo americano.
De notar que o governo chinês tem em vigor proibições de utilização no seu território de alguns dos principais websites utilizados mundialmente há vários anos, como Google, Facebook, Twitter, Youtube, entre outros.
Outras notícias
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