Recruscede a tensão entre a China e a Austrália
As relações bilaterais entre estes dois países deterioraram-se de forma acentuada este ano, no seguimento do pedido da Austrália para que existisse uma investigação global às origens da covid-19. Esta proclamação foi vista como o catalisador que levou a China a sancionar as exportações australianas, particularmente a imposição de uma tarifa de 80% à cevada australiana e a suspensão de algumas das principais importações de carne bovina.
No decorrer desta tensão, a Austrália suspendeu esta semana o tratado de extradição com Hong Kong e desaconselhou as viagens para este país. A China anunciou a semana passada a criação de um novo gabinete para a segurança nacional em Hong Kong, o qual suscitou preocupações em países como a Grã-bretanha e, mais recentemente, a Austrália.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, afirmou que a nova lei mina a “lei básica de Hong Kong” e o atual nível de autonomia relativamente a Beijing. Enfatizou ainda a decisão de conceder uma extensão de cinco anos para cerca de 10.000 portadores de visto temporário que já se encontram na Austrália e, de seguida, um caminho para a residência permanente. Por fim, encorajou ainda as empresas situadas na antiga colónia britânica a se relocalizarem. A embaixada chinesa condenou o anúncio do primeiro-ministro australiano na quinta-feira, referindo que as acusações são “infundadas, hipócritas e uma interferência nos assuntos internos chineses”.
Ainda esta semana, e tendo em conta o conflito nos Himalaias entre a China e a Índia, a Índia referiu que planeia convidar a Austrália para fazer parte do exercício naval anual de Malabar, que até então incluía apenas os Estados Unidos e o Japão, um anúncio que poderá agravar mais a tensão entre Beijing e Camberra.
25 anos do massacre de Srebrenica
Realizaram-se este sábado comemorações na Bósnia para marcar o 25º aniversário do massacre de Srebrenica, visto como a maior atrocidade cometida globalmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Líderes de vários países prestaram homenagem às vítimas e aos sobreviventes, tais como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o atual secretário de Estado Mike Pompeo e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez.
O evento marca o dia 11 de Julho de 1995, em que as forças sérvias da Bósnia marcharam até Srebrenica, um enclave muçulmano no território sérvio na Bósnia-Herzegovina que se encontrava sob a proteção da ONU. Após capturarem a cidade, as forças sérvias mataram mais de 8.000 pessoas muçulmanas, incluindo crianças, em poucos dias. Até agora, os restos mortais de 6,900 pessoas foram encontrados, assim como mais de 80 valas comuns. A Bósnia tinha-se envolvido numa guerra étnica, na qual se opunham os sérvios aos bósnios e aos croatas muçulmanos (1992-1995), sendo que mais de 100.000 pessoas morreram na mesma.
O general de guerra militar sérvio da Bósnia, Ratko Mladic, ainda aclamado por muitos sérvios como um herói, foi condenado à prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional da ONU para a ex-Jugoslávia em 2017, por genocídio em Srebrenica, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Encontra-se, contudo, a aguardar uma decisão sobre o seu recurso. Embora para os muçulmanos da Bósnia o reconhecimento da escala das atrocidades cometidas seja uma necessidade para a paz duradoura, para a maioria dos sérvios o uso da palavra genocídio permanece inaceitável. O príncipio da “Responsabilidade de Proteger” da ONU desenvolveu-se por forma a prevenir o genocídio, particularmente tendo em conta os acontecimentos no Ruanda e na Bósnia, sendo que este conceito se traduz no dever que a comunidade internacional tem de intervir num Estado que não proteja os seus cidadãos.
Outros Desenvolvimentos
- A Itália permitiu o desembarque de um navio que continha 180 migrantes resgatados do Mediterrâneo.
- O número de infetados por covid-19 na Índia atingiu os 25 mil, tornando-se assim o terceiro país do mundo mais atingido pela pandemia de covid-19, ultrapassando a Rússia.
- Israel lançou esta semana um novo satélite espião que irá providenciar vigilância de alta qualidade para a sua inteligência militar, embora a rádio pública israelita tenha afirmado que o mesmo tem como principal função monitorizar as atividades nucleares do seu vizinho regional, o Irão.
- Um relatório formulado por cientistas europeus refere que os incêndios que despoletaram no Ártico durante o mês de Junho libertaram o maior número de gases poluentes em 18 anos, desde que há registo.
- Esta terça-feira, Jair Bolsonaro testou positivo à covid-19, após meses a desvalorizar a seriedade da pandemia.
- Os Estados Unidos da América notificaram formalmente a Organização Mundial da Saúde de que se iriam retirar da mesma, embora permaneçam um dos países mais afetados pela pandemia de covid-19.
- O enviado de Washighton a Pyongyang referiu que os Estados Unidos estão prontos para retomar as negociações nucleares com a Coreia do Norte, rejeitando os relatos de que estaria a tentar encontrar-se com as autoridades norte-coreanas aquando da sua visita à Coreia do Sul.
- Um ex-jornalista e conselheiro do chefe da agência espacial russa Roscosmos foi preso em Moscovo por suspeita de espionagem para a NATO.
- A China referiu esta semana estar disposta a reduzir o seu arsenal nuclear e a participar em reuniões trilaterais sobre o controlo de armas com os Estados Unidos e com a Rússia, mas apenas se os Estados Unidos estiverem dispostos a nivelar o seu arsenal nuclear ao da China.
- De acordo com a Oxfam, mais pessoas poderão morrer à fome como resultado da situação pandémica do que da própria doença, tendo em conta que a crise interrompeu as colheitas, os suprimentos e as remessas nos países mais pobres.
- De acordo com uma nova avaliação estratégica do Pentágono, a China representa agora a maior ameaça militar para os Estados Unidos da América.
- O presidente turco Recep Tayyip Erdogan emitiu um decreto a 10 de Julho para declarar formalmente a Hagia Sophia como uma mesquita, tendo despoletado fortes critícas internacionais e consequentes protestos.
- Milhões de sírios terão apenas uma passagem de fronteira na Turquia para receber ajuda, depois de várias tentativas sem sucesso do Conselho de Segurança das Nações Unidas para manter uma segunda passagem aberta.
Faça o primeiro comentário a "O Mundo de 6 a 12 de Julho de 2020"