O Mundo de 6 a 12 de Julho de 2020

Recruscede a tensão entre a China e a Austrália

As relações bilaterais entre estes dois países deterioraram-se de forma acentuada este ano, no seguimento do pedido da Austrália para que existisse uma investigação global às origens da covid-19. Esta proclamação foi vista como o catalisador que levou a China a sancionar as exportações australianas, particularmente a imposição de uma tarifa de 80% à cevada australiana e a suspensão de algumas das principais importações de carne bovina.

No decorrer desta tensão, a Austrália suspendeu esta semana o tratado de extradição com Hong Kong e desaconselhou as viagens para este país. A China anunciou a semana passada a criação de um novo gabinete para a segurança nacional em Hong Kong, o qual suscitou preocupações em países como a Grã-bretanha e, mais recentemente, a Austrália.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, afirmou que a nova lei mina a “lei básica de Hong Kong” e o atual nível de autonomia relativamente a Beijing. Enfatizou ainda a decisão de conceder uma extensão de cinco anos para cerca de 10.000 portadores de visto temporário que já se encontram na Austrália e, de seguida, um caminho para a residência permanente. Por fim, encorajou ainda as empresas situadas na antiga colónia britânica a se relocalizarem. A embaixada chinesa condenou o anúncio do primeiro-ministro australiano na quinta-feira, referindo que as acusações são “infundadas, hipócritas e uma interferência nos assuntos internos chineses”.

Ainda esta semana, e tendo em conta o conflito nos Himalaias entre a China e a Índia, a Índia referiu que planeia convidar a Austrália para fazer parte do exercício naval anual de Malabar, que até então incluía apenas os Estados Unidos e o Japão, um anúncio que poderá agravar mais a tensão entre Beijing e Camberra.

25 anos do massacre de Srebrenica

Realizaram-se este sábado comemorações na Bósnia para marcar o 25º aniversário do massacre de Srebrenica, visto como a maior atrocidade cometida globalmente desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Líderes de vários países prestaram homenagem às vítimas e aos sobreviventes, tais como o ex-presidente dos EUA Bill Clinton, o atual secretário de Estado Mike Pompeo e o primeiro-ministro espanhol Pedro Sanchez.

O evento marca o dia 11 de Julho de 1995, em que as forças sérvias da Bósnia marcharam até Srebrenica, um enclave muçulmano no território sérvio na Bósnia-Herzegovina que se encontrava sob a proteção da ONU. Após capturarem a cidade, as forças sérvias mataram mais de 8.000 pessoas muçulmanas, incluindo crianças, em poucos dias. Até agora, os restos mortais de 6,900 pessoas foram encontrados, assim como mais de 80 valas comuns.  A Bósnia tinha-se envolvido numa guerra étnica, na qual se opunham os sérvios aos bósnios e aos croatas muçulmanos (1992-1995), sendo que mais de 100.000 pessoas morreram na mesma.

O general de guerra militar sérvio da Bósnia, Ratko Mladic, ainda aclamado por muitos sérvios como um herói, foi condenado à prisão perpétua pelo Tribunal Penal Internacional da ONU para a ex-Jugoslávia em 2017, por genocídio em Srebrenica, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Encontra-se, contudo, a aguardar uma decisão sobre o seu recurso. Embora para os muçulmanos da Bósnia o reconhecimento da escala das atrocidades cometidas seja uma necessidade para a paz duradoura, para a maioria dos sérvios o uso da palavra genocídio permanece inaceitável. O príncipio da “Responsabilidade de Proteger” da ONU desenvolveu-se por forma a prevenir o genocídio, particularmente tendo em conta os acontecimentos no Ruanda e na Bósnia, sendo que este conceito se traduz no dever que a comunidade internacional tem de intervir num Estado que não proteja os seus cidadãos.

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