A nova lei da segurança nacional chinesa e os seus impactos em Hong Kong
Esta semana Hong Kong entrou numa nova fase da sua vida política: entrou em vigor a nova lei da segurança nacional. Esta lei permitirá às autoridades chinesas perseguir e condenar quaisquer práticas consideradas “subversivas e secessionistas” em Hong Kong, assim como reforçar o papel do Partido Comunista Chinês na antiga colónia britânica. Os críticos receiam que possa ser uma forma de acabar com o movimento pró-democracia.
A China, com a entrada em vigor desta nova lei, de acordo com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, terá violado a Declaração Conjunta Sino-Britânica de 1984, terminando com o princípio “um país dois sistemas”, assinada pelo premier chinês à época, Zhao Ziyang, e a sua homóloga britânica, Margaret Thatcher. A Grã-Bretanha devolveu Hong Kong à China que, em 1842, tinha cedido parte da cidade ao Reino Unido após a primeira Guerra do Ópio, a 1 de Julho de 1997. Embora o termo “um país dois sistemas” não seja usado diretamente na declaração, sendo apenas utilizado para descrever o sistema, o princípio “um país” sustenta o direito de Hong Kong de estar diretamente sob a autoridade de Pequim. “Dois sistemas”, por outro lado, refere-se a um acordo segundo o qual Hong Kong desfrutaria de um “alto grau de autonomia”, permanecendo com os seus sistemas sociais e económicos e o seu estilo de vida inalterados durante 50 anos, de 1997 até 2047.
No seguimento da oficialização desta lei, seguiram-se vários protestos e as primeiras detenções por parte da polícia de Hong Kong. Centenas de pessoas protestaram contra esta lei que pretende proibir contestações, divisões, insubordinações, atos de terrorismo e conluio contra o Governo chinês ou outras “forças estrangeiras”.
As relações russo-estadunidenses e o envolvimento dos taliban
Segundo o New York Times, Donald Trump foi informado pelos serviços secretos dos Estados Unidos da América, por escrito, em Fevereiro, quanto a uma operação no Afeganistão na qual a Rússia terá oferecido dinheiro a grupos ligados aos taliban como recompensa por ataques a soldados norte americanos e a forças da NATO.
Desde esta revelação, vários meios de comunicação norte-americanos têm corroborado a história e acrescentado novas informações. Contudo, o presidente norte-americano referiu esta quinta-feira que não foi informado sobre o assunto e desvalorizou-o, tendo afirmado que “muitos oficiais da inteligência não acreditavam que tal tivesse acontecido”. Trump fez esta alegação apesar dos relatos conflituantes, desde a CIA, ao Pentágono – incluindo o de um oficial norte-americano que referiu à CNN que informações sobre as recompensas foram incluídas no Daily Brief do presidente em algum momento durante esta primavera. As suspeitas remetem a Janeiro deste ano, depois de as forças especiais norte-americanas terem recuperado elevadas quantias de dinheiro em postos controlados pelos taliban. Os serviços secretos, após o interrogatório a militantes e mercenários capturados, chegaram à conclusão de que a Rússia estava envolvida.
No decorrer destas revelações, oito membros republicanos do Congresso participaram num briefing liderado pelo diretor da inteligência nacional John Ratcliffe, tendo alguns manifestado preocupações, reivindicando que sejam tomadas medidas relativamente à Rússia caso os relatórios sejam confirmados. . As critícas ao presidente continuam a surgir, tendo Joe Biden, o candidato do Partido Democrata à presidência norte-americana, afirmado que a “presidência de Trump tem sido um presente para Vladimir Putin”
Outros desenvolvimentos
- Esta segunda-feira, quatro homens armados atacaram o edifício da Bolsa de Valores de Carachi, no Paquistão, provocando a morte de dois seguranças e um polícia. O ataque foi reivindicado pelo Exército de Libertação do Baluchistão (BLA), um grupo separatista que se opõe ao Estado paquistanês e ao investimento da China no país.
- Um trabalho de investigação publicado na revista “Nature Climate Change” refere que o Polo Sul, a parte mais isolada do planeta Terra, estará a aquecer de forma exponencial, com as temperaturas a subir desde o ínicio do século XX a um ritmo três vezes mais acelerado do que nas restantes partes do globo.
- A China anunciou esta segunda-feira que irá colocar imposições à emissão de vistos a responsáveis do governo norte-americano que “tenham maus comportamentos” sobre Hong Kong. Esta retaliação ocorreu no seguimento do anúncio feito por Mike Pompeo, Secretário de Estado norte-americano, relativo à imposição de restrições de vistos a antigos e atuais responsáveis do Partido Comunista Chinês que se acredite serem “responsáveis ou cúmplices” da fragilização da autonomia da região.
- Segundo um relatório do FMI divulgado esta semana, 39 milhões de pessoas poderão cair em situação de pobreza extrema na África subsariana, admitindo que a região poderá sofrer uma recessão de 3,2% em 2020 devido à situação pandémica generalizada.
- Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, reverteu a decisão de expulsar a embaixadora da União Europeia Isabel Brilhante Pedrosa do país, anunciada esta segunda-feira, após diálogos diplomáticos com o Alto Representante da União Europeia para a Política Externa, Josep Borrell.
- O jornalista dissidente Ruhollah Zam, cujas ações foram fundamentais durante a vaga de protestos que despoletou em 2017 no Irão, foi condenado à pena de morte.
- A França informou a NATO que iria suspender a sua participação na operação naval Sea Guardian até a investigação do incidente marítimo que opôs navios de guerra franceses e turcos no Mediterrâneo Oriental estar concluída.
- A reforma constitucional que permitirá a Putin permanecer no poder até 2036 foi aprovada por 78% da população russa, pesem embora os relatos de que a votação tenha resultado de um processo fraudulento.
- Quatro membros da Amnistia Internacional foram condenados, por parte de um tribunal turco, a penas de prisão, acusados de terrorismo, tendo outros sete acusados sido absolvidos.
- Começou, nesta sexta-feira, em Istambul, o julgamento de 20 sauditas acusados da morte do jornalista Jamal Khashoggi.
- Após duas semanas depois do conflito entre a Índia e a China, Modi visitou soldados na fronteira dos Himalais, tendo afirmado que “a era do expansionismo terminou”.
- Após ter sido condenado a prisão perpétua em 2015, Ahmed Douma, considerado uma das figuras centrais centrais da revolta de 2011 que levou à queda de Hosni Mubarak, teve a sua sentença reduzida para 15 anos e confirmada pelo Tribunal de Recurso do Egipto.
Faça o primeiro comentário a "O Mundo de 29 a 5 de Julho de 2020"