A situação nos Himalaias
Após os confrontos entre soldados indianos e chineses na região fronteiriça entre os dois países perto de Ladakh, os quais deixaram várias dezenas mortos como consequência dos confrontos no ambiente hostil dos Himalaias, a China estará alegadamente a construir um heliporto no lago Pangong Tso, do lado indiano, relata-se a importação de armamento oriundo da Rússia, como resposta à situação. A relação de proximidade geopolítica entre a Rússia e a Índia já vem de longa data, dado que ambos traçam os seus laços de cooperação à guerra fria, um facto que constituiu um ponto de contenção na relação entre a China e a União Soviética.
Por outro lado, representantes de topo de ambas as partes reuniram esta semana para chegar a um consenso sobre o abrandar das tensões. Apesar da posição oficial, não se sabe até que ponto o conflito poderá escalar, seja localmente ou através de meios indirectos.
Estes desenvolvimentos vêm no seguimento de um aumento de pressão por parte do Nepal para reclamar territórios à Índia, o que resultou em acusações de que terá sido a China a instigar tal tomada de posição por parte do governo do Nepal. Simultaneamente, consequências de projectos de construção chineses têm levado à perda de território devido à mudança de curso de rios no norte do Nepal, de acordo com documentos do governo nepalês.
Movimentos globais com a China em foco
No seguimento da escalada de tensões com a Índia, várias questões emergiram com foco na China em outros pontos do globo e além do mesmo. A ASEAN assumiu uma posição de oposição sobre a situação no Mar do Sul da China, sobre as pretensões chinesas de território marítimo invocando a Lei do Mar de 1982, algo que até ao momento não tinha sucedido, desde a emergência das questões da “nine dash line” e apesar de membros da organização se terem demonstrado em oposição à estratégia chinesa.
Também esta semana a China emitiu uma comunicação relativa à possibilidade de o Japão ter em seu solo mísseis americanos, algo que a mesma encara com total desagrado, ameaçando tomar “todas as contramedidas necessárias”. Estes desenvolvimentos foram acompanhados pelo lançamento do último satélite do sistema Beidou, a sua alternativa ao sistema de navegação GPS, tornando-se efectivamente independente do sistema Americano nesta área. Este facto levou a questões relativas à possibilidade de uma futura guerra no espaço, onde tanto a China como os EUA teriam a possibilidade de atacar mutuamente as capacidades e a dependência da tecnologia de satélite.
Neste contexto, os EUA impuseram ainda mais restrições sobre media chineses, algo que já vinha a decorrer nos últimos meses, forçando-os a registarem-se como agentes de missões estrangeiras. A par disso, o Reino Unido recebeu um aviso por aprovar o estabelecimento de instalações de investigação da Huawei no valor de mil milhões de libras.
Outros desenvolvimentos
- Egipto, Etiópia e Sudão afirmam chegar a um acordo sobre a barragem do Nilo dentro de duas semanas.
- A Turquia prepara-se para dar início a operações de exploração de gás no Mar Negro.
- Os serviços secretos americanos afirmam que uma unidade de espionagem russa ofereceu recompensas a membros dos Taliban para abater tropas americanas.
- A UE aprova um pacote de ajuda de 545 milhões de dólares para a crise de refugiados na Turquia.
- O ministro dos negócios estrangeiros italiano reuniu-se com o líder do GNA para um acordo sobre migrações na Líbia.
- Kim Jong Un suspendeu planos de acção militar contra a Coreia do Sul.
- A coligação liderada pelos sauditas afirma ter interceptado mísseis balísticos a caminho de Ríade. A autoria do ataque foi reclamada pelos Houthis.
- Em mais um discurso antes do desfile do Dia da Vitória na Rússia e do referendo constitucional, Vladimir Putin prometeu reformas económicas e subsídios para a população, bem como a introdução de um imposto progressivo sobre rendimentos, ao invés da taxa fixa actualmente em vigor.
Faça o primeiro comentário a "O Mundo de 22 a 28 de Junho de 2020"