União Europeia e os condicionalismos político-económicos
Depois de três meses de confinamento, os países pertencentes ao bloco comunitário deparam-se com uma crise económica e social sem precendentes. Esta sexta-feira, os chefes de Estado e de Governo da União voltaram a não alcançar um acordo relativamente ao plano de recuperação económica anunciado pela Comissão Europeia.
No decorrer do desconfinamento generalizado, o BCE perspetivou que o PIB da União Europeia deverá sofrer uma queda entre 8% e 12% e que a inflação deverá crescer, atingindo 1,3% em 2022. Tendo em conta as perspetivas do BCE e a crise económico-social com a qual a Europa se defronta, a Comissão anunciou a 27 de maio uma estratégia de recuperação económica, materializada num pacote de financiamento de 750 mil milhões de euros a serem distribuídos essencialmente via subvenções.
A União encontra-se dividida em torno da forma como este pacote será aplicado, distribuído e quais as condicionantes impostas aos Estados-membros. Os designados “países frugais”, a Áustria, a Dinamarca, a Suécia e os Países Baixos não apoiam este programa e preferem empréstimos ao invés de subvenções. Por outro lado, as quatro maiores economias da União apoiam este programa, tendo Merkel apelado à solidariedade e referido que é um “projeto histórico que pode guiar o velho continente para o futuro”. Não obstante a falta de acordo entre os Estados-membros, os mesmos reconhecem que é fulcral continuar as conversações para salvaguardar o futuro da União Europeia.
John Bolton e a ameaça à segurança nacional
Royce Lamberth, juiz federal norte-americano, rejeitou o pedido de Donald Trump para proibir a publicação do livro “A Sala onde Tudo Aconteceu – Memórias da Casa Branca” de John Bolton, ex-conselheiro da Segurança Nacional dos EUA. Bolton revela no livro que Trump ficou obcecado com a sua reeleição e que o caso ucraniano não é o único passível de levar o presidente norte-americano à destituição.
É referido que Donald Trump terá tentado convencer Xi Jinping a ajudá-lo a ser reeleito, ressalvando a importância que compras de soja e trigo por parte da China aos EUA poderiam ter no desfecho da eleição. São reveladas ainda outras alegações feitas pelo presidente norte-americano, como o elogio que o mesmo terá dado pela construção de campos de concentração para os uigures, uma minoria muçulmana, por parte da China na região autónoma de Xinjiang.
O Departamento de Justiça tinha solicitado aos tribunais que proibissem a publicação do livro, justificando este pedido com o facto de o mesmo conter matérias classificadas e a ameaça que as mesmas representam para a segurança dos Estados Unidos. Segundo o juiz, embora o livro “levante graves preocupações graves de segurança”, a publicação de vários excertos do mesmo torna o pedido inútil.
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